Amaya e o
poder dos cristais
Era fim de
inverno e os raios de sol entravam pela janela iluminando cada canto onde
incidiam. Amaya, ainda enrolada nos seus lençóis, ressonava baixinho, os
passarinhos cantavam lindas melodias, a neve começava a derreter permitindo ver
o verde dos campos de girassóis, as andorinhas cruzavam o céu e uma leve brisa
salpicava a manhã.
Amaya, uma
simples menina de 12 anos, tinha pele clara, cabelo castanho escuro muito macio
e sedoso, olhos verdes da cor esmeralda e lábios delicados e rosados.
Ela vivia numa
pequena casa amarela no meio de um campo cheio de flores de vários tipos e
adorava brincar no jardim da sua casa onde havia um pequeno lago com patos e
peixes coloridos, um banco onde passava tardes a ler e uma horta repleta de
plantas muito bem cuidadas.
Vivia com a
sua mãe e a sua irmã mais velha, Alicia, o seu pai faleceu quando Amaya tinha
apenas 2 anos. Ela não sabia muito sobre ele, pois a sua mãe não gostava muito
de falar no assunto, o que Amaya não entendia muito bem o porquê, pedindo em
todos os aniversários que algum dia tivesse resposta a essa questão. Embora
tivessem uma vida simples, ambas amavam-se profundamente e foram sempre muito
felizes agradecendo à deusa mãe Natureza pelo que tinham.
Amaya adorava colecionar, principalmente
cristais e tinha o sonho de um dia poder ajudar o mundo com os seus poderes. Ela
achava que cada um deles tinha um significado e o poder de concretizar desejos,
então, conservava-os e guardava-os em caixinhas. Ela já tinha muitos cristais,
mas continuava sempre em busca de algo especial e incomum.
Nessa manhã,
Amaya sentiu um cheirinho tão bom que saiu logo da cama, abriu a janela e
respirou o ar puro da manhã. Não sabia bem porquê, mas sentia que o dia ia ser
especial. Vestiu o seu vestido de renda preferido e colocou um laço no cabelo,
desceu as escadas a correr e percebeu logo a origem do tão famoso cheiro. A sua
mãe estava a fazer panquecas, o doce preferido da Amaya.
Comeu e foi lá
para fora, para o jardim, pois estava ansiosa para ver como estavam as suas
plantinhas. Regou, cuidou e falou com elas como fazia todas as manhãs, de
repente sentiu uma brisa inquietante como se algo a chamasse vindo da floresta
perto de sua casa e como era curiosa, resolveu ir ver o que era. Na floresta,
ela costumava passear e apanhar cogumelos com a sua irmã, mas ela ainda não se
tinha levantado, então, decidiu que iria sozinha Bem, sozinha não, pois estava
sempre bem acompanhada pelo seu passarinho a quem dera o nome de Molly.
A floresta
ficava a alguns metros de sua casa e por isso chegou lá em pouco tempo. Mal
entrou pela floresta dentro reparou que algo estava diferente, era como se uma
fada qualquer tivesse deixado cair uns pozinhos mágicos por cima das árvores,
dando-lhes um brilho misterioso. Amaya olhou ao seu redor mas não viu nada que
correspondesse aos pozinhos que cobriam as árvores. Quando estava quase para ir
embora, Molly voou do seu ombro até um pequeno arbusto uns passos à frente,
parecia que Molly estava a querer dizer alguma coisa e Amaya aproximou-se para
ver o que tinha despertado a curiosidade do seu amiguinho. Reparou que algo
cintilava no meio do arbusto, o que lhe deu uma sensação de grande entusiasmo,
estendeu a mão e sentiu algo frio e escorregadio até que, para seu grande
espanto, viu que era nada mais, nada menos que o cristal mais lindo e mais
brilhante que alguma vez tinha visto.Ccomo adorava colecionar ficou muito feliz,
pois pensou que este precioso tesouro iria completar a sua coleção da melhor
forma.
Resolveu levar
para casa embrulhado num lenço de pano que tinha. Amaya estava feliz pela sua
nova descoberta, mas o pensamento de como tinha aquela magia misteriosa acontecido não lhe saía da cabeça.
Chegou a casa
e foi para o seu quarto, porque queria tentar descobrir mais sobre este tesouro
tão misterioso. Abriu o seu livro sobre cristais e começou a procurar algum que
fosse parecido e passado algum tempo Amaya já sabia que o cristal era muito
incomum e difícil de encontrar, mas nada sobre o seu nome e poder. Este livro
era do seu pai e Amaya tinha-o recebido de prenda de anos quando completou os
seus 10 anos. Não sabia muito acerca dele, tinha várias perguntas sem resposta,
o que a deixava muito curiosa.
No dia
seguinte, estava Amaya a ler o seu livro sobre cristais quando reparou em algo
que nunca tinha visto. Na última página do livro estaval escritas algumas
palavras em outra língua. Como era muito inteligente, conseguiu descobrir o que
significavam e que lhe pareceu ser o
endereço de um lugar. Eis o que dizia: na floresta vira à esquerda na primeira
árvore, avança sempre em frente e encontrarás uma gruta. Lá verás algo que te
fará feliz. Amaya ficou desconfiada, mas como nunca negou uma boa aventura
resolveu ir. Pegou no seu casaco e na companhia de Molly lá foi à descoberta. Quando
chegou à floresta seguiu as indicações do livro e viu-se diante de uma linda
gruta com flores e plantas que enfeitavam as suas paredes. Parecia quase magia!
Entrou sem hesitar e deparou-se com uma grande porta de pedra com uma espécie
de fechadura no meio. Ela tentou abrir mas sem resultado precisava da chave
para abrir, mas qual? Até que se apercebeu que a forma da fechadura não parecia
ser de uma chave normal, parecia que tinha a forma de um… cristal! Então, sem
perder mais tempo, Amaya coloca o cristal que tinha encontrado na floresta na
fechadura e para seu espanto a porta abre-se completamente. Diante dos seus
olhos via apenas a maior coleção de cristais de todas a cores e feitios, até
cristais que nem ela sabia que existiam. No meio de todos os cristais estava
uma carta que tinha escrito o seu nome, o que deixou Amaya muito admirada e
começou a lê-la. Para sua admiração, era do seu pai e dizia o seguinte- Olá
minha querida filha! Se estás a ler esta carta, significa que encontraste os
meus cristais. Tenho pena de não poder estar aí contigo, mas espero que lutei
que lutei muito. Mas foi melhor assim! Sei que adoras colecionar cristais e,
por isso, ofereço-te a minha coleção de pedras preciosas. Desde que tinha a tua
idade, sempre fui colecionando vários cristais, pois sabia que um dia alguém muito
especial cuidaria bem deles. Não são simples cristais! Estes têm algo que sei
que mereces, têm poder, magia que só tu podes usar, mas sempre para o bem. Ajuda
as pessoa, os animais, protege a natureza e tenta fazer sempre tudo o que
estiver ao teu alcance para ajudar, pois assim deixarás o teu pai orgulhoso. E
sempre que precisares dos meus conselhos, olha para o céu e encontra a estrela
mais brilhante. Ela irá guiar-te sempre pelo melhor caminho, segue sempre o teu
coração e sei que farás do mundo um lugar melhor. Um abraço bem apertado do teu
querido pai.
Quando Amaya
terminou de ler a carta, as lágrimas já lhe escorriam pelos olhos. Ela não
queria acreditar! Finalmente tinha percebido como era o seu pai e estava tão
feliz, olhou para o céu e no reflexo da água do rio da floresta, conseguiu
vislumbrar um rosto que lhe era muito familiar. Era como se o seu pai estivesse
a seu lado. Passaram alguns anos e Amaya era agora conhecida como a fada da Natureza
e o seu pai orgulhoso sorria desde as estrelas, pois Amaya era especial.
Nunca desistas
dos teus sonhos. Acredita que algum dia o que desejavas pode acontecer.
Kyara Ramalho, 7ºF