UM TRATADO DE AMIZADE MUITO ESPECIAL
TRATADO DE AMIZADE ENTRE HOMENS E LAMPREIAS
Cá estou eu outra vez! Sou uma lampreia do rio. O meu nome é Aquafluvia e já viajei por muitos países. Em todos eles aprendi algo novo e vi coisas maravilhosas. Gosto de rios limpos e oxigenados com fundos de areia também muito limpa. Já os humanos gostam muito de me comer, mas ainda não o conseguiram fazer. Por os humanos gostarem tanto de nos comerem, a nós lampreias do rio, a nível mundial estamos próximas da ameaça de extinção.
Mas vou contar o que aconteceu na minha última viagem.
Estava eu no rio Diamante, escondida entre umas pedras onde instalei a minha casinha, pensando onde seria a minha próxima viagem… já tinha ido a tantos lugares que não descobria nenhum lugar novo para visitar. Foi então que vi o Fluviatis, o Cartalgas, que distribui o correio. Naquela voz de quem está habituado a gritar, ele disse:
— Aquafluvia, aqui está a sua «Alga Semanal»! Ah! Quase que me ia esquecendo! Tens aqui uma carta que vem de um peixe chamado El Assis.
— É El Avis, Fluviatis. Sabes quem é? Um amigo meu que mora no outro extremo do rio Diamante, na cidade de Fluvi City — disse eu.
— Adeus! Tenho de ir! — disse o Fluviatis.
— Adeus!
Depois de o Fluviatis se ter ido embora, fiquei a ler a carta do meu amigo El Avis.
Fluvi City,1 de Janeiro de 2010
Escrevo para te convidar a vir a minha casa, em Fluvi City, rio Diamante, de hoje a oito dias. Vem com cuidado para não seres pescada pelos humanos.
Espero uma resposta tua, brevemente.
Cumprimentos deste teu grande amigo
P.S: Tens aí um mapa com o caminho até minha casa. Estão assinalados os sítios mais perigosos.
Fiquei tão entusiasmada com a ideia que me pus a escrever a carta para o meu amigo, mas já se fazia tarde e tive de ir dormir para a minha cama de algas macias.
Passados cinco dias já eu tinha feito as malas e preparava-me para sair de casa, quando me apercebi de que quase me esquecia do mapa e então, verifiquei que afinal não tinha levado ao coralas (o nosso correio) a carta que naquela noite escrevera ao meu amigo.
— Não faz mal! — Pensei eu. E peguei no mapa.
E, então, lá me meti ao caminho seguindo as instruções do mapa. Durante a viagem, fui encontrando pelo caminho muitas pedrinhas brilhantes, umas azuis turquesa e outras verdes fluorescentes. Mas não dei muita importância e fui seguindo viagem.
Parei numa estalagem para descansar e, na manhã seguinte, cuidadosamente, fui tomando rumo. Desta vez, tinha de ir mesmo com cuidado porque me estava a aproximar da zona de pesca, segundo o mapa. Quase que era apanhada por uma rede, mas escapei por pouco. Segui caminho e continuei a encontrar aquelas pedrinhas tão belas. Eram muitas. Continuei o meu caminho. Parei numa outra estalagem para descansar e, na manhã seguinte, recomecei, mais uma vez, a minha viagem.
Três dias de viagem… Finalmente, acabara de chegar à cidade Fluvi City. Uma cidade muito bonita, devo dizer. Andei até à rua Fluviario Aqua, cheguei à porta nº3 onde cliquei num conjunto de pérolas brancas e logo veio o El Avis abrir-me a porta.
Estivemos longo tempo a falar, a falar e houve uma notícia que me incomodou imenso. Ele contou-me que em Espanha já só havia as lampreias da cidade Fluvi City porque a pesca da nossa espécie tinha aumentado imenso. E eu disse-lhe:
— À vinda para cá, encontrei umas pedrinhas muito bonitas, azuis e verdes. Devíamos negociar com os humanos. Eles não nos pescariam e nós, em troca, dávamos as pedrinhas e as pérolas do rio.
— Está bem — disse o El Avis. Amanhã vamos falar com os homens.
No dia seguinte, juntámos todas as lampreias e construímos um mega - amplificador de voz e dissemos aos homens:
— Daremos pérolas e pedras e, em troca, vocês, seres humanos, deixarão de nos apanhar - disseram as lampreias.
Os humanos estranharam e responderam:
— Tragam uma pérola para podermos comprovar que não nos estão a mentir.
Então, como eu tinha guardado na minha mala uma pérola e uma pedra atirei-as para a margem do rio.
Os humanos, admirados, disseram:
— Assinaremos um Tratado de Amizade entre humanos e lampreias. Vocês cumprirão a vossa parte e nós a nossa.
Dito isto, o tratado foi assinado e todos ficaram contentes. No fundo do rio, fizemos uma festa. Eu e o meu amigo estávamos muito felizes. Tínhamos, com a nossa imaginação, ajudado todas as lampreias daquele rio que, daí em diante, passaram a viver sossegadas e, também, tínhamos ajudado os homens que recebiam todos os dias as suas pedrinhas e também viviam confiantes porque tinham o que precisavam.
No dia seguinte, despedi-me de todas as lampreias e fui para a minha casinha, nadando calmamente e sem qualquer sobressalto, enquanto ia pensando que podemos tirar uma conclusão desta história «Ajudar (re)compensa». E assim acaba a minha história.
Adeus!
Jéssica Dias, 6ºI