A PÁSCOA
Entrevista
Entrevistador: João Coelho; 10
anos; Fiães-Santa Maria da Feira
Entrevistado: Alcides Castro (avô materno); 68 anos; Argoncilhe
Avô Alcides: Naquela época comiam-se amêndoas que eu recebia, pão-de-ló feito pela
minha mãe, (a tua bisavó), e a regueifa doce, que a minha irmã recebia do folar
dela. Eu recebia, de folar, a regueifa azeda.
Avô Alcides: Na Páscoa, nós rezávamos muito e recebíamos o compasso, no Domingo de
Páscoa. A minha mãe limpava muito a casa e eu ajudava-a nessas tarefas.
Acrescento ainda que, nesses dias, na minha mocidade, adorava ver filmes a preto
e branco da vida de Jesus Cristo.
Avô Alcides: Recebi-o sempre até aos meus 22 anos de idade. Essa também foi a idade com que me casei.
Aluno: Gostas
desta época, avô?
Avô Alcides: Eu gosto muito desta época! É uma época de mais luz; é o fim do Inverno; vêm-se
muitos pássaros e as pessoas no geral, andam melhor humoradas. E tu, costumas
dar umas amêndoas muito boas aos avós. (risos)
Ah, também adoro o cheirinho a incenso.
Aluno: Onde
vais passar a tua Páscoa?
Avô Alcides: Isso tu já sabes! É contigo e com a nossa família toda, em Vila Cova do
Alva, em Arganil. Acontece todos os anos assim. Vamos todos para o Convento de
Santo António, faz-se aquele bolo de frutos vermelhos, com muitas camadas.
Comemos o cabrito, que fica horas a assar no forno. Há chanfana da região e a
tigelada.
Eu adoro é estar com os meus netos
todos e ficar com as vossas amêndoas! São uns dias muito bem passados! Aproveitámos
também para participar nas atividades da aldeia, como passear pela mata, colher
flores para as mesas das refeições e arranjar lenha para as lareiras».
Entrevistador: Muito obrigado, avô, pela tua colaboração na realização desta entrevista, onde aprendi mais sobre as tradições e costumes de antigamente.
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